Da tranquilidade da obra de Fernando Távora

«Numa 1ª observação, a obra de F.T. respira tranquilidade. Nenhum drama aflora. Resulta estranho o seu fascínio, ou o da personalidade do Autor.
Culturalmente, e no que à profissão respeita, FT é um homem da última geração CIAM, formado na admiração de um Le Corbusier de certezas, imediatamente sensível ao LC de viragens desconcertantes, que reabilitavam contradições de formação pre-escolar ou exterior à Escola.
Do último CIAM acompanha o pensamento do Coderch das casas catalãs, e não do Candilis das novas cidades; do Van Eick rebelde e dos novos italianos, e não do Bakema da triunfante reconstrução.
Não admira que a identificação com o novo e ecléctico CIAM dure menos do que este durou; que a ligação a opostos campos de formação pessoal atravesse o evoluir da obra e nela se resolva; não admira que a influência fulminante de Alvar Aalto em toda a Europa seja para Fernando Távora marginal.»
Texto manuscrito de Álvaro Siza, datado do Porto, Dezembro de 1986. In Roteiro da exposição Percurso, Centro Cultural de Belém, 1993.

Imagens sequenciadas dos exemplos internacionais referidos por Álvaro Siza neste breve texto, reflectidos (ou não) na obra de Fernando Távora: o francês Le Corbusier, o catalão Coderch, o greco-francês Candilis, os holandeses Van Eyck e Bakema e o finlandês Alvaar Alto.

França

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Charles-Edouard Jeanneret-Gris (1887-1985) “Le Corbusier”, Unidade Residencial de Marselha, 1949. Imagem: Verdu© METL-MEDDE – fonds MRU aqui

 

Grécia-França

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Georges Candilis (1913-1995). Carriere Centrale, Casablanca, 1953. No início dos anos 50, um grupo de arquitectos transformou os subúrbios de Casablanca num local de experimentação urbana. A orientação funcionalista desta arquitectura moderna, tentaria desenvolver uma nova aproximação entre o vernacular e o contemporâneo de então. Os responsáveis foram George Candilis, Alexis Josic e Shadrach Woods, que trabalharam com o GAMMA (Group of Modern Moroccan Architecs). aqui

 

Holanda

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Aldo van Eyck (1918-1999). Orfanato Municipal, Amesterdão, 1958-60. aqui

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Jacob Berend “Jaap” Bakema (1914-1981). Maquete da “Câmara Municipal” de Marl, Alemanha, 1957. Fotografia: Van den Broek en Bakema Architects. aqui

Participa activamente na reconstrução do pós-guerra, «O arquiteto holandês foi uma voz ativa no movimento vanguardista dos CIAM (Congrès Internationaux d’Architecture Moderne) e do Team 10. Inspirado na crença de que a arquitetura deveria acolher a emancipação das massas e, ao mesmo tempo, permitir a realização pessoal de cada cidadão, seu portfólio inclui alguns dos mais importantes projetos holandeses do pós-guerra, como a rua comercial Lijnbaan, em Roterdã.» Presente na Bienal de Veneza de 2014 representando os Países Baixos com o título Open: A Bakema Celebration, «refletirá a ideia de uma sociedade aberta através do trabalho e pesquisa de Jaap Bakema (1914-1981).» aqui

Finlândia

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Hugo Alvar Henrik Aalto (1898-1976). Casa Louis Carré, 1956-59. aqui

 

Catalunha 

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Josep Antoni Coderch i de Sentmenat (1913-1984). Cadaqués, 1956.

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